Complexo industrial da saúde, o novo agro do Brasil
O Brasil é o quarto maior mercado no consumo de materiais médico-hospitalares, insumos e produtos farmacológicos do mundo. Somente o Sistema Único de Saúde (SUS) envolve cerca de 200 milhões de consumidores, um dos maiores mercados em todo o mundo. De acordo com estimativas da Associação Brasileira da Indústria de Dispositivos Médicos (ABIMO), o mercado interno movimenta cerca de R$ 33,1 bilhões.
Apesar desse gigantismo dos números, o país ainda está bastante atrasado quando pensamos em desenvolvimento de produtos e equipamentos para a área. Em 2021 foram importados US$ 3.535 bilhões para atende a demanda interna. Na outra ponta, as exportações brasileiras neste setor somaram US$ 488.575.206. Ou seja, um déficit gigantesco na balança comercial no campo da saúde.
Esse desequilíbrio observado pelos números acima abre uma janela para uma importante discussão e enorme oportunidade. Sendo o Brasil um celeiro de pesquisadores, trabalhadores com alta qualificação profissional, empresas de ponta, universidades e renomados centros de pesquisas, por que não pensar no desenvolvimento e implantação de um complexo industrial da saúde, que englobaria os setores de serviço, logística, químico, industrial e tecnologia da informação, logística, dentre outros?
Além de incentivar as pesquisas, investimentos e geração de empregos, ajudar na retomada da economia e baratear os custos de remédios e equipamentos, o complexo industrial da saúde no Brasil pode abastecer o mercado brasileiro e gerar divisas com a exportação de tecnologias próprias, insumos e produtos com valor agregado para toda a América Latina, África e outros países.
A implantação desse complexo da saúde, em diversas regiões, incluindo a Região Metropolitana de Campinas (RMC), onde estão presentes institutos de pesquisa, o acelerador linear, faculdades e universidades de renome e profissionais altamente qualificados é plenamente viável com a união de esforços dos governos Federal, estadual, municipais e a iniciativa privada.
O exemplo vindo do agronegócio, hoje um dos maiores geradores de vendas externas, é perfeitamente aplicável para o setor da saúde. Políticas voltadas para este setor são importantes e podem recolocar o Brasil no trilho do desenvolvimento e abrir uma nova janela de potência de negócios e geração de empregos.
Dr. Casemiro Reis é médico obstetra e ginecologista formado pela Unicamp, foi presidente do Sindicato dos Médicos de Campinas e da Federação Médica Brasileira (FMB), gestor na área da saúde e candidato a deputado estadual.