31% dos bares e restaurantes da Região Metropolitana de Campinas operam no vermelho, aponta pesquisa da Abrasel
Levantamento indica piora na saúde financeira dos estabelecimentos neste inicio de 2024
Campinas, 10 de abril de 2024 – Pesquisa da Abrasel (associação Brasileira de Bares e Restaurantes) realizada em março acende sinal de alerta para o setor de bares e restaurantes em 2024. Ainda lutando para se livrar de dívidas acumuladas, 31% das empresas da Região Metropolitana de Campinas (RMC) operaram no vermelho em fevereiro. O número regional é semelhante ao apurado nacionalmente – pior índice desde março do ano passado. Além disso, outros 34% dos estabelecimentos da RMC trabalharam em equilíbrio e 35% tiveram lucro (acima do índice nacional, que foi de 31%).
Ainda segundo a pesquisa, três dos principais fatores responsáveis pelo desempenho negativo das empresas que operaram em prejuízo foram a queda das vendas no mês (75%), redução do número de clientes (75%) e custo de alimentos e bebidas (44%).
Quanto a inflação no setor, os estabelecimentos seguem com dificuldades de ajustar os preços do cardápio acima do índice geral: somente 29% reajustaram o cardápio, sendo 61% conforme ou abaixo da inflação e apenas 10% reajustaram acima do índice.
Os dados da pesquisa indicam uma situação alarmante para o setor de bares e restaurantes, onde 31% dos negócios estão operando com prejuízo. Isso sublinha os obstáculos consideráveis que enfrentamos”, diz Mateus Mason, presidente da Abrasel Regional Campinas. “Observou-se uma diminuição nas vendas em janeiro, seguida de uma pequena melhora em fevereiro devido ao carnaval, embora essa melhoria não tenha sido suficiente para ser considerada uma recuperação pelos proprietários dos estabelecimentos. Além disso, enfrentamos o desafio de reajustar os preços dos nossos menus para compensar as perdas anteriores”, diz ele.
O presidente da Abrasel revela a construção de um plano para resgate do setor, em função dos problemas crônicos que persistem desde a pandemia: “contratamos um estudo da FGV (Fundação Getúlio Vargas), que vai se aprofundar nas causas das dificuldades que o setor vem enfrentando, já propondo caminhos e medidas que podem ser tomadas para resolvê-las de vez. Esperamos poder apresentar estas propostas o mais breve possível às autoridades e à sociedade. Só com o trabalho em conjunto podemos retomar os trilhos”, completa Solmucci.
A pesquisa indicou que 26% das empresas da região têm dívidas em atraso. Destas, 79% devem impostos federais, 39% devem impostos estaduais, 31% têm empréstimos bancários, 31% devem encargos trabalhistas/previdenciários, 23% devem serviços públicos (água, luz, gás, telefone), 31% devem fornecedores de insumos, 8% devem taxas municipais, 15% devem aluguel e 15% devem fornecedores de equipamentos e serviços.
Reforço da mão de obra
Apesar dos desafios enfrentados pelos estabelecimentos, 21% dos empreendedores pretendem contratar mão de obra no primeiro semestre de 2024. 63% esperam manter o atual quadro de funcionários e apenas 10% pensam em demitir. 6% ainda não se decidiram.
Dados recentes da PNAD – índice do IBGE que mede os empregos formais e informais no país – indicou que, só nos últimos três meses (dez-jan-fev), os bares e restaurantes geraram cerca de 70 mil novos empregos, com crescimento de 1,3% em relação ao trimestre anterior. O resultado está na contramão do índice nacional, que apresentou redução de 0,3% no número de pessoas ocupadas.